terça-feira, 16 de outubro de 2012

Deu Bolo

Cresci numa casa que ficava longe da cidade, o único comércio que tínhamos eram o “Bar de Cima” e o “Bar de Baixo”, mas só tinha autorização para ir no de baixo, que tinha uma menor variedade de guloseimas e de bêbados. Íamos lá buscar o leite, 5 litros ao dia, para uma família com 7 filhos. O pão não fazia parte da nossa compra, porque era bem ruinzinho... Meu pai, de origem italiana, era louco por pão, mas pão de verdade: fermento água e farinha e nunca deve ter estimulado minha mãe na arte do pão caseiro, geralmente mais massudo e nada crocante. Assim, o pão francês, lá chamado de filãozinho, era coisa de se comprar em Sorocaba, quando alguém ia prá lá de carro. Isso tornou os lanches da minha infância mais variados: torradas, rabanadas, bolinho de chuva e bolos eram comuns às 3 da tarde na Rua B, 186.
Bolos simples, sem cobertura ou recheio: bolo de fubá, pão de ló, bolo cuca... que lembranças deliciosas!
O tempo foi passando, a padaria foi ficando mais perto, até aí tudo bem, mas os supermercados também, e as bolachas foram tomando conta do querido lanche da tarde. Práticas, baratas, com embalagens e “sabores” tentadores, passamos a comer gordura vegetal com farinha, açúcar e corante como se fosse uma delícia da Vovó Donalda.
Pensem: bolo é feito com ovos, frutas ou leite, farinha e quanto açúcar eu desejar... É muito melhor para a minha saúde! Se gostar de algo crocante, para levar no trabalho ou na escola, experimente fazer torradas de bolo! Uma gostosura, fatias torradas no forno, guardadas numa lata, por dias e dias.
No link a seguir tem um bolo que preparei no jornal local da Globo aqui em Londrina, não leva leite, bom para que tem intolerância: http://g1.globo.com/videos/parana/paranatv-1edicao/t/londrina/v/com-a-safra-consumidor-pode-aproveitar-a-queda-no-preco-da-laranja/2152331/

Esse é um bolo sem glúten, tem uma textura mais gelatinosa, com cara de pudim de padaria. Leva uma boa quantidade de laticínios, tem bastante proteína e carboidrato, é uma opção legal de reposição após exercícios!! Uma delícia:

Bolo de Farinha de Milho
1 copo de farinha de milho flocada
1 copo de açúcar
1 copo de leite
1 copo de ricota amassada, ou queijo minas ou mussarela picados
1/2 copo de óleo
3 ovos
1 colher de fermento em pó
Bater tudo no liquidificador e assar em forma untada, forno pré-aquecido, 200 graus.

domingo, 30 de setembro de 2012

X Tudo de Bom


Hambúrguer é uma coisa muito prática, tanto para o mais clássico dos sanduíches quanto para completar uma refeição rápida. Quando as gigantes da indústria criaram o hambúrguer congelado, muita gente passou a ter uma caixinha no freezer. Vocês já leram o rótulo daquilo?
Um raciocínio simples: se em cem gramas de carne moída temos de seis a oito gramas de gorduras totais, porque em oitenta gramas de hambúrguer da marca mais famosa do Brasil temos dezessete gramas de gordura, mais de 20% do peso???
Um ótimo motivo para fazer o seu hambúrguer em casa, não é? Faço uma receita com aveia, que ainda insere um pouco de fibra, sempre benvinda!
Faça a massa, molde e asse os hambúrgueres e congele-os já assados, fica mais prático ainda. Outra sugestão é que faça os bifinhos compridos, porque assim pode fazer seu sanduíche no pão francês, muito mais gostoso e saudável que os “massentos” pães de hambúrguer. Tire o miolo de uma das metades, assim cabe bastante salada no seu lanche.
Aí vai a receita:
350g de carne magra moída (patinho, paleta, músculo)
2 colheres rasas de aveia em flocos finos
1 colher de cebola bem batidinha, ou ralada
1 dente de alho bem pequeno, amassado com ½ colher de chá de sal
1 colher de salsinha picada

Amasse tudo com as mãos, misturando bem. Com as mãos úmidas, molde os hambúrgueres, coloque numa assadeira forrada com papel manteiga (ou untada), e leve ao forno bem quente, pré-aquecido, até que dourem (é rápido, para que fiquem úmidos por dentro).
Use ou congele. Se quiser um tempero mais “adulto”, junte pimenta do reino e noz moscada moídas à massa.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Gelatina Feita em Casa


Muitos alimentos mudaram de “lado” ultimamente... Ovo era do mal e ficou do bem, margarina era mocinho virou bandido, abacate se tornou um herói, e agora chegou a vez da gelatina!!!
Qual a mãe prestimosa que não preparou gelatina em potinhos, de sabores variados para o seu filhinho que está doente, e só pode comidas leves???
Quem nunca tomou gelatina de montão porque tem colágeno e ajuda a deixar a pele firme e os ossos resistentes??
Primeiro: a gelatina tem proteína sim, derivada do colágeno sim  (ou seja, pele e ossos de animais), mas isso não significa que ela será depositada aonde você deseja, depois de ser absorvida. Seu organismo digere as proteínas quebrando-as em pequenos pedaços chamados aminoácidos, que podem virar outras proteínas, e esses pedacinhos vão ser destinados para montar as proteínas que seu corpo precisa naquele momento... Uma pele boa, um cabelo bom, são frutos de uma alimentação boa e não de nenhum alimento milagroso!

Segundo: as gelatinas com sabor estão cheias de açúcar e corantes, um monte de porcarias que vão nos estragando aos poucos por dentro. A segurança dos corantes está em xeque, e eu não brincaria com isso, ainda mais para crianças ou convalescentes, os maiores “fregueses” dessa iguaria...
Agora o lado bom: gelatina é refrescante, divertida, dá uma sensação de saciedade por conta da proteína, e é bem gostosa.. Vale a pena???  FEITA EM CASA vale!!!
Fiz de maracujá e de abacaxi, esta última com pedacinhos... Em ambas usei açúcar, mas você pode usar frutas mais doces e dispensá-lo.

Receita básica:
Hidrate 1 pacotinho de gelatina sem sabor com 2 a 3 colheres de água fria, e deixe descansar por uns 10 minutos. Aqueça ½ xícara de água, adicione o açúcar a gosto, mexa bem para dissolver. Acrescente a gelatina hidratada, mexa bem, misture 400ml de suco ou polpa de fruta natural de sua preferência e 1 colher (sobremesa) de suco de limão. Leve para gelar.
ATENÇÂO:
- o morango e o abacaxi contém enzimas que inibem a ação da gelatina, por isso devem ser cozidos antes de usar.
- esta gelatina é mais perecível, porque utiliza ingredientes frescos, procure consumir em dois dias.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Caldo de Carne...


Sugerir que você faça seu caldo em casa é lutar contra uma instituição! Os cubinhos de caldo de carne estão nas casas brasileiras há muitos anos, a Maggi fabrica desde 1908!
Nasceram da necessidade de se concentrar o caldo de carne afim de que os exércitos tivessem a base para o preparo de alimentos nos campos de guerra do começo do século passado.
E foram se popularizando, diversificando sabores e marcas, e, para aumentar sua vida de prateleira e seu apelo sensorial foram ganhando cada vez mais sal, glutamato monssódico, gordura vegetal e conservantes. Ou seja, foi se tornando cada vez mais um extrato de meleca!
O Caldo de Carne em cubos se tornou a tradução do paladar médio, não só do Brasil, como de todo o mundo ocidental (os “dashi” e outras misturas de peixe com os mesmos conservantes são populares no Oriente...).
Uma receita que leva um cubo de caldo ou um pacote de sopa instantânea é sucesso e sinônimo de praticidade.
Para mim é sinônimo de um monte de porcarias na sua circulação e de uma padronização industrializada no paladar das pessoas, acabando com as particularidades dos sabores.

Mas Valéria,  como vou fazer risoto, temperar minhas sopas e molhos??
Com nossos cubos de Caldo de Carne Caseiro! Olha só, é demorado, mas não dá trabalho nenhum! É só o fogão que trabalha.

Coloque numa assadeira um pedaço de carne com osso. O da foto é um pedaço de ossobuco, mas pode ser qualquer carne. Junte temperos frescos, cortados em pedaços médios. Aproveite tudo dos temperos. Pode-se usar cebola com casca, alho com casca, salsão com folhas, talos de salsinha que picou para outra coisa, folhas de alho poró, cenoura, repolho, tomates em pedaços ou mesmo as pontas que sobraram da salada, cebolinha verde...

Leve ao forno quente por uns 20 minutos para que tudo fique levemente queimado e com uma linda cor dourada para passar para o caldo.

Retire tudo da assadeira, coloque numa panela funda, raspe os grumos da assadeira com água, vinho ou mesmo cerveja, despeje na panela e cubra com água e sal a gosto. Agora ferva.... ferva muitas horas... Toda hora que estiver em casa ligue a panela e deixe ferver. Vá juntando mais água, pode ser fria, para que o cozimento retire todos os extratos da carne e dos temperos. No final, deixe apurar até metade da altura da carne. O meu ficou umas 6 horas no total.
Coe. Coloque o caldo na geladeira (ou freezer) por um tempo, para que a gordura saturada se solidifique. Retire com uma colher. Despeje o extrato, agora magro, que vai estar gelatinoso, em uma forma de gelo separada para esses usos. Congele, solte os cubos num saco plástico e mantenha no freezer por 3 meses. Cada cubo pode ser misturado com 400ml de água para um caldo maravilhoso, super saudável, que pode ser a base de qualquer coisa ou tomado assim, purinho, como consomé.
E a carne com temperos que ficou na peneira dá uma salada de carne esperta! Dá uma olhada no meu resultado...


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Suco de Uva Feito em Casa




Não preciso aqui falar das maravilhas do suco de uva para a saúde. E nem da delícia que é um suco de uva de ótima qualidade bem gelado, em qualquer ocasião.
Espero que saibam, que como tudo nessa vida, há um limite para este prazer. Um copo de suco de uva puro, carrega todos os nutrientes, inclusive a frutose, de mais de 200g de uvas... um limite quase além do razoável, ok? Eu recomendaria um refresco, feito com 100ml do suco puro e mais água. Em excesso, pode ser responsável por um aumento de peso e mesmo por uma elevação nos triglicerídeos do sangue!! E você não toma isso para a saúde do seu coração???
Que tal o charme e a certeza de coisa boa de um suco de uva caseiro? Que dura 4 a 5 dias na geladeira? Olha aí a receita:
Compre uvas de casca fina, preta ou niagara, solte-as dos cachos, lave bem e coloque numa panela. Com um copo, “machuque” as uvas, de forma que elas se rasguem, expondo sua polpa. Leve a panela ao fogo, e ferva por uns 5 minutos, até que as cascas fiquem bem murchas e opacas, e soltem toda a sua cor para o líquido que se forma.
A beleza deste suco depende da forma de coar. Se bater e coar, terá um suco muito nutritivo, mas bem feio e opaco, além de mais perecível. Você pode ter, como eu exibida que só, um chinois, essa peneira maravilhosa (essa bonitinha da foto tem 30 anos!!), e assim teraú um suco com uma bela aparência. Ou então, mais bacana, você pode coar num pano, à moda antiga, torcendo bem, e terá um suco translúcido e maravilhoso.
Sirva num copo bem bonito, tome sentada de forma bem confortável, em ótima companhia e ... saúde!!!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Filosofando....


É muito interessante... é mais fácil convencer um paciente a tomar um shake louco manipulado a partir de um cereal milenar colhido nas pradarias da Nova Zelândia do que fazê-lo tomar um café com leite e bolo de fubá no lanche da tarde!!!
Onde é que estamos indo?? Buscamos tanto as coisas simples da vida, pelo menos é o que todo mundo prega nos jornais, revistas e redes sociais... Mas é uma correria assustadora atrás do simples... Você vai ao salão e fica horas prá deixar seu cabelo com uma cara de despenteado, tipo tô nem aí... compra vestidinhos de algodão florido com cara daqueles que a vó fazia por preços assustadores, com uma Havaiana exclusiva... acho que vai sair um MBA, a distância, em vida simples.... e você ganha um tablet com aplicativos de simplicidade!!
Queridos: dormir mais, celebrar mais, ver as pessoas próximas mais, cozinhar mais, andar mais, ir ao mercado perto de casa mais, dar bom dia mais, ficar sem fazer nada mais, almoçar e jantar com a família mais, ler as coisas que gosta mais, ficar feliz pelos outros mais. Gastar dinheiro em coisas desnecessárias menos, se encher de informação desnecessária menos, ter medo de tudo menos, querer ser ou parecer alguém que não somos menos, colocar a sua felicidade nas mãos de alguém ou de alguma coisa menos.
Trazendo toda essa “filosofia” para a alimentação: vamos comer comida! Comida simples! Comida de verdade! Feita em casa! Sem ingredientes industrializados! Sem nada escrito “instantâneo” na embalagem!!
Pense numa alimentação “saudável e moderna”: café da manhã com iogurte industrializado e mix de fibras industrializado, almoço em comida por quilo, lanche de barra de cereais industrializada com suco de soja industrializado e jantar de sanduíche natural com pão industrializado, peito de peru industrializado, maionese de tofu industrializada e um copo de leite longa vida de baixa lactose industrializado.... horror!!!
Está lançada a campanha : FAÇA EM CASA! Você vai se surpreender...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O legume resiliente


Costumo chamar pessoas queridas de xuxu... Alguns não gostam nada disso: “tá me chamando de sem graça?”
Não penso que o chuchu seja um legume sem graça. Gosto de vê-lo como um legume resiliente, que aceita as influências de maneira positiva, e é em essência muito saudável. O chuchu tem pouquíssimas calorias, alto teor de fibras e água, magnésio, manganês, vitamina C, fósforo, potássio, ácido pantotênico.... ou seja: pouca gordura, muita fibra, sais minerais e vitaminas. Um espetáculo!
Em quintais do interior ainda é muito comum o chuchu amarrado numa grade. Muitas crianças dos anos 60 e 70 fumaram talos de chuchu secos, não é? Será que ainda se faz isso? Tomara que não!
Chuchu é que nem camiseta branca... vai bem com tudo! E geralmente é super barato. Que tal dar um voto de confiança a este legume que preenche e enriquece sua mesa e seu corpo? Segue uma sugestão bem caseira de guarnição de chuchu, que não é nem suflê, nem gratinado e nem o clássico chuchu com camarão dos cariocas. Depois me conta tá, xuxu???

CHUCHU COM CROCANTE DE FARINHA DE MILHO
Corte um chuchu grande em pedaços não muito grossos e regulares. Numa panela, aqueça água com 1 colher (de café) de sal e uma pitada de cominho. Quando ferver, coloque o chuchu, e ferva por 1 minuto. Escorra e arrume num pirex untado com azeite. Reserve.
Numa tigela, misture com as mãos até ter uma farofa: 1 colher (de café) de alho picadinho, 2 colheres (de sopa) de cebola picadinha, 2 colheres (de sopa) de tomate sem semente em cubos, 1 colher (de sopa) de salsinha picada, 1 colher (de café) de orégano, ½ xícara de farinha de milho amarela flocada, sal e 2 colheres de azeite de oliva. Se gostar pode juntar azeitona picadinha, fica legal.

Espalhe a farofa sobre o chuchu reservado, cobrindo totalmente. Leve ao forno alto pré-aquecido até que a casquinha doure nas laterais da forma.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Lanche da Tarde, o retorno!


Já contei sobre o lado emocional e afetivo que atribuo ao lanche da tarde, muito conhecido em cidades do interior como “Café da Tarde”. Creio que não sou só eu, amigos e clientes comentam esta relação quentinha que têm com aquela toalha na mesa da cozinha, o leite esquentando no fogão, pão da manhã aquecido na chapa, o cheiro de bolo de fubá em alguns dias, bolinho de chuva em formato de nuvens deliciosas exalando canela e gostosura, como não amar?
Pois é! Comecei a observar que essa refeição passou a ser tratada quase que com desdém, não só pelas pessoas que buscam mais saúde (ou apenas um manequim 38) como por alguns profissionais de saúde!! Imagine comigo: quando eu tomo meu café às 7 e almoço ao meio dia, todos orientam comer uma fruta por volta das dez, certo? Se num intervalo de cinco horas, para me manter saciada é necessário que eu coma pelo menos uma fruta, como supor que no intervalo de sete a oito horas que existe entre o almoço e o jantar essa mesma quantidade de energia me satisfaça??  Por isso a queixa quase generalizada da fome (ou irritabilidade) às 17 horas, cinco horas após o almoço....
O lanche da tarde, em torno de três horas depois do almoço é importante para manter o fornecimento de energia para o seu corpo com a mesma qualidade das outras refeições do dia: é necessário receber carboidratos, proteínas, gorduras e fibras, de boas fontes para que as vitaminas e minerais acompanhem naturalmente. Sabe o que é isso em termos de comida?? Café com Leite, pão com manteiga e banana! Tá bom prá você? Não? Então troque o pão por esse bolinho de cacau... hummm

Muffins de Cacau
Arrume 12 forminhas de papel numa forma própria de muffins ou em forminhas de empada. Reserve. Coloque numa tigela 100g de nata (creme de leite pasteurizado) e bata com 1 xícara de açúcar, branco ou mascavo até ter um creme grosso. Junte 3 ovos, um de cada vez, batendo a cada adição. Acrescente ½ xícara de cacau em pó, bata para misturar. Peneire sobre o creme: 1 xícara de farinha de trigo, ½ xícara de farinha de aveia, 1 pitada de sal, 1 colher de chá de fermento em pó, 1 colher de chá de bicarbonato de sódio e bata para incorporar tudo. Coloque a massa nas forminhas, enchendo 2/3 de sua capacidade. Leve ao forno pré-aquecido a 200 graus por uns 15 minutos. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Os Lanches


Quando comecei a me interessar por cozinha tinha uns 14 anos. E comecei pelos lanches. Minha mãe era uma super cozinheira, assim como muitos da família. Ela fazia muitas coisas, especialmente almoços e jantares, quando recebia bastante gente: aliás, nem precisava receber pra fazer muita comida: somos sete irmãos! Assim, almoços e jantares eram frequentemente especiais na minha casa.
Os lanches, os cafés da manhã, fazíamos estas refeições, mas não juntos. Assim, nunca foram muito valorizados, exceto pelas geleias, outra especialidade da minha mãe, que sempre tinha potes das de morango na despensa, além das especialíssimas de amora e de laranjinha kin kan, colhidas em nosso quintal.
Mas todos gostávamos de pães e doces, principalmente meu pai. Para ele, doces secos, bolachas, pães, nada de cremes ou coberturas: ele dizia que confeitaria boa dava para comer com a mão. Adorava pão francês, um bolo bem seco de chocolate chamado “bilbolbul”, panetone clássico e um pudim de semolina de trigo bem firme, sem calda nenhuma, que lembra um pudim de pão, o “budino di semolina”. Nos anos 70 e 80 era bem difícil comprar semolina de trigo, ainda mais no interior. Por isso penso que era quase que uma declaração de amor da minha mãe a presença do budino na mesa, e a prioridade de consumo era absolutamente do papai.

Talvez por haver este “espaço” na cozinha de casa, comecei a fazer lanches: bolachas, bolos e pães. E me apaixonei pela mágica da farinha e fermento. Comecei a testar muitas receitas, e institui um lanche da tarde aos sábados, que foi se tornando mais um evento familiar. Sentia-me segura, gente grande, era um acontecimento importante para mim. Continua sendo, adoro pesquisar e desenvolver receitas de pães, bolachas e bolos simples, do jeito que meu pai gostava. Como hoje ele completaria 88 anos, segue uma receita de um Muffin de Vinho que fiz para o lanche, ele iria gostar... Ficaria ótimo com uma geleia da mãe...
No próximo post, explico porque o lanche é nutricionalmente importante.
Muffin de Vinho Tinto
Numa tigela grande, misture 1 xícara de vinho tinto seco com 1 xícara de aveia em flocos e reserve por 2 horas. Depois acrescente: 1 ovo, 2 colheres de óleo, 3 colheres de manteiga derretida, 1 xícara de açúcar mascavo, 1 colher (de café) de canela em pó, 1 xícara de farinha de trigo, 1 colher (chá) de fermento em pó, 1 colher (chá) de bicarbonato, 2 colheres de castanha do Pará Picadas e 2 colheres de uvas passas. Misture bem. Pingue a massa em forminhas de papel colocadas em assadeiras próprias de cupcakes ou formas de empadinha numa assadeira, com o cuidado de preencher 2/3 das forminhas, no máximo. Leve ao forno pré-aquecido até que fiquem firmes, por uns 15 minutos.